Cotidiano

Ela acordou, olhou para o relógio e viu que estava vinte minutos atrasada, mas nao teve coragem de levantar. Fechou os olhos e preferiu acreditar que a noite ainda não findara. Mas a droga da sua consciência insistia em acordá-la, dizendo que já passava da hora de estar de pé. Então, rendeu-se. Levantou e foi direto para o banho.

No chuveiro lembrou-se de quando era criança, que acordava animada para ir à escola com o caderno novo que o pai comprara na Mesbla. Sorriu com a boa lembrança. Daí voltou ao presente, lembrou-se de suas obrigações diárias, seus compromissos e contas à pagar. O sorriso dissolveu-se com a água quente. Enquanto lavava o cabelo, lembrou dos flertes recebidos por estranhos, das paixões que já dispertou e de todas as vezes que se apaixonou durante sua adolescência, da loucuras já cometidas e das que ainda poderia cometer, e novamente sorriu. Ainda com sabão nos olhos, imaginou não precisar de muita coisa pra viver e ser feliz, almeijou só fazer aquilo que gosta e decidiu que seria feliz naquele dia, sem se chatear com as coisas chatas que a vida lhe oferecera. O banho foi longo, era como se desejasse lavar não só o corpo, mas a alma. Desligou o chuveiro, era uma nova mulher. Bem diferente daquela que o relógio despertou.

Vestiu-se vagarosamente, pensando em cada detalhe de sua roupa, maquiou-se como de costume, mas seu olhar estava mais vivo, penetrante, como se quisesse dizer ao mundo "carrego em mim a vontade de ser o que sou". O batom suave realçou sua boca tão desejada e novamente o sorriso largo e aberto, em frente ao espelho, lhe dizia : o dia promete.

E foi assim, vestida como mulher, mas com jeitinho de moleca, ela saiu de casa, feliz, porque iria brincar com o que mais gosta: PALAVRAS, e inspirada por aquilo que mais ama: SUA HISTÓRIA DE VIDA.

2 comentários:

Viviane disse...

Fica até ridículo eu comentar um texto de quem eu gosto tanto, mesmo conhecendo a tão pouco tempo. É neste momento que admiro mais e mais meu velho companheiro de "guerra", Einstein, e sua Teoria da Relatividade que aliás está completando seu primeiro centenário.
Hoje sei que é possível criar se uma amizade em horas, e as vezes não ter qualquer espéci de vínculo, afetio, mesmo convivendo com alguém a anos.
Gosto muito de você e do modo como escreve, assim como me divirto com seus comentários bem humorados e os meus sempre tão ácidos e apimentados.
Sem qualquer humildade posso sim chamar lhe de: minha amiga. Logo, tenho muito orgulho de você.
Beijão

Vanessa Melo disse...

Nossa...o que dizer depois de ler o primeiro comentário?! Então fica meu silêncio aqui....