Alguém me explica porque determinados incidentes insistem em acontecer quando estamos mais ferrados? Alguém me explica?
Estava eu em pleno dia de chuva, tentando chegar do Morumbi até a Vila Madalena, detalhe importante: estou em São Paulo e circulando de ônibus. Para piorar, meu guarda chuva resolve não abrir bem quando eu mais precisei, tive que corre para o ponto de ônibus em busca de abrigo. Tento ligar no serviço de orientação sobre itinerários, e vejam só, não bastou informar apenas o nome da rua onde estava, precisei informar o número e cep, mais um pouco me pediriam até o histórico porque raio escolheram o tal Padre Lebret para o nome daquela rua, quem era ele e o que fez pra merecer tal homenagem. Tudo bem, saio andando na chuva, dessa vez o guarda-chuva abriu (juro que compro uma coisa descente na próxima vez), fui até a esquina para ler na placa o CEP e ver em que altura da numeração eu estava, já que não havia outra forma de verificar isso. Certo, passei os dados e recebi a informação que precisava, volto ao ponto e aguardo, aguardo, aguardei cerca de 40 minutos até que o tal ônibus veio, entrei morrendo de frio, louca por um cantinho quente para me sentar, mas, é óbvio que não tinha nenhum lugar livre, são 10h30 da manhã de uma quarta-feira e os ônibus estão lotados, meu Deus, aonde vai esse povo todo num dia chuvoso desses? Respira fundo menina, não deixe isso acabar com o seu dia.
Tento não me aborrecer, ligo o meu mp3 e vou curtindo um pouco de Hebert Viana pra me alegrar, começo a prestar atenção no trajeto do ônibus e percebo que estou num tour por São Paulo, uma delícia de programa pra quando se estar atrasada e com os pés encharcados pela chuva né, adorei a experiência. Mas enfim, Hebert diz no meu ouvido “saber amar é saber deixar alguém te amar...”, daí me lembro de tantas coisas que vivi com base nesta canção, isso me acalma. Chego à primeira parte do meu destino, tenho que andar um trecho para chegar à estação do metrô, andando feito pata choca porque minha bota ta com o solado mais liso que quiabo, bem que tentei descartar essa minha velha guerreira, mas ela é tão quentinha que desisti. Voltando ao meu caminho, chego à estação com frio, fome, molhada e ainda atrasada. Começo a seguir pelo corredor que me leva à plataforma de embarque, e é quando me lembro que preciso fazer uma ligação, ótimo, o celular não funciona ali, volto todo o percurso para fora da estação, e tendo achar um cantinho sem chuva para fazer a ligação. Ótimo! Etapa cumprida. Volto à estação e, só para garantir, peço uma informação com um funcionário do metrô sobre o meu destino e ele me informa que existe uma forma mais econômica de se chegar lá, pegando um outro ônibus, numa rua alia ao lado, acredito que ele seja mineiro, porque o ali dele na verdade eram duas quadras, que debaixo de chuva pareceu quatro, te juro. Mas já estava lá, fazer o quê.
Cheguei ao tal ponto, ufa esse tem cobertura pra fugir da chuva, menos mal. Aguardo o ônibus, e aguardo, aguardo, aguardo... 45 minutos e ele não vem, cheguei achar que havia sido vitima de alguma pegadinha, mas uma senhorinha toda enfeitadinha sentada ao meu lado comenta que este bendito ônibus demora mesmo. Resolvi acreditar então. Estava feliz porque já estava bem perto, mais uns 10 minutinhos no ônibus e chegaria ao meu destino. Toca o celular, ai ai ai o que seria? Era do meu próximo compromisso, desmarcando tudo, eu poderia finalmente voltar pra casa. Ótimo, eu estava mesmo querendo isso, já fiquei imaginando minha casa quentinha, cobertor, chocolate quente... Mas PQP porque não me ligaram antes, quando eu ainda estava lá tentando ler a placa da rua debaixo de chuva? Mas enfim né, eu creio na lei de Murphy.
Aproveitei que já estava num ponto de ônibus e resolvi ver se algum servia pra me levar de volta pra casa, devo ter levado mais uns 30 minutos até descobri algo, enfim, veio o ônibus que me serviria, e olha que coincidência, o letreiro do itinerário vem “SOCORRO”, era tudo o que eu precisava naquele momento. Entro feliz da vida, tem lugar livre para me sentar (coisa rara em SP), abro minha bolsa para pegar o bilhete do ônibus e, não encontro nada, reviro tudo, nada ainda, fico sem graça pois todos começam a me olhar (com certeza eu já devia estar vermelha, sentia meu rosto quente), mais uma vez reviro a bolsa (juro que vou começar a usar bolsas menores), desisto, retiro a carteira e pago a condução com dinheiro, aliás, o único que eu tinha na carteira. Sento finalmente, morta de vergonha, mas feliz por estar voltando pra casa, Hebert insiste em me lembrar da chuva cantando “Alagados” ao meu ouvido. Mais uma vez (só pra garantir) reviro a bolsa tirando tudo o que há nela e vejo que realmente perdi meu bilhete, ou fui roubada, sei lá. Lá se foi todo o crédito que havia colocado no dia anterior. Então começo a pensar no trajeto que farei pra chegar em casa, o trânsito infernal como sempre e um pouco pior devido à chuva... Mas to indo pra casa, é o que importa.
Bom, cheguei, 3 horas e 25 minutos de viagem para cumprir um trajeto que em média deveria levar 30 minutos, Agora me diz, é ou não é duro viver nesta cidade?
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